O grande argumento para a defender o chamado Patrimônio Histórico é a conservação da arte e da cultura de um povo, senão as 'páginas da historia' serão apagadas para sempre. Porém, é difícil concordar que tudo deve ser preservado (seria quase um caso de "compulsive hoarding") e também é difícil concordar que nada deve ser preservado (acabando com o estudo da história), sendo interessante então avaliar como e quanto as coisas devem ser preservadas.
Minha interpretação é de que qualquer objeto ou expressão humana pode ser considerada arte ou parte da nossa historia (principalmente depois de Duchamp e o mictório de cabeça para baixo, na figura) dependendo do ponto de vista. A avaliação de o que é significativo ou até mesmo de o que é arte é algo totalmente pessoal e subjetivo, e uma comissão de técnicos não tem condições de avaliar todas estas interpretações individuais para saber qual cultura é a mais significativa e quanto desta cultura deve ser preservada. Sendo assim, não me parece correto usar a força (cobrança através de impostos) para usar a força mais uma vez (impedir que os proprietários façam alterações na sua propriedade) para preservar algo que é de critério subjetivo de um terceiro.
Depois disso, qualquer coisa pôde se tornar arte.
Há uma maneira muito mais simples e livre de avaliar o quanto a sociedade valoriza um determinado bem cultural: se existe algum bem que se considere de importante valor, pode-se efetuar a compra deste bem. Fundos privados destinados a preservação, melhor representados hoje através de museus privados, ONGs culturais, coleções de arte e edifícios históricos privados já fazem esse tipo de trabalho, levantando fundos para adiquirir estas obras e conservá-las. Sendo propriedade privada, ainda, os proprietários tem todo o incentivo de deixar esta propriedade no melhor estado possível.
A crítica que surge com esta abordagem de mercado é a seguinte: o que seria de
cidades como Paris? Com certeza se não existissem estas leis de conservação a cidade seria muito diferente e talvez menos atraente. Para responder isso, começo dizendo mais uma vez que o atraente, para uma cidade, tambem é totalmente subjetivo. Para muitos, Paris demonstra uma monotonia visual e é uma representação de uma sociedade
esteticamente homogeneizada pela força (o que para deixar claro não é minha opinião). Mas, para fins de exemplo, considerando a estética de Paris positiva, resultante de aspectos utilitários (de que recebe milhões de turistas por ano, base de sua sobrevivência econômica), respondendo de forma também utilitária, Paris deveria preservar seu patrimônio assim como a Disney regula seus parques. Mesmo tendo maior liberdade, o resultado para os parisienses provavelmente seria negativo se as leis de proteção de patrimônio fossem removidas.
O arquiteto e filósofo Ignasi de Solà-Morales no texto "património arquitectónico, o parque temático" no seu livro Territorios já falou sobre o perigo da preservação total, onde centros históricos de cidades como Paris e Roma deixaram de existir como "cidades", existindo atualmente mais como parques temáticos, onde as pessoas vão para se sentir no passado. Veneza, por exemplo, tem 60 mil habitantes no seu centro histórico, contra 50 mil turistas diários que se concentram principalmente nesta zona. Ainda, provavelmente grande maioria destes habitantes vivem desta economia do turismo.
Outras cidades, onde a preservação não é aplicada desta forma, como Londres, onde normalmente feita por associações privadas, e Las Vegas, onde ela é praticamente inexistente, perceberam que há outros caminhos para receber milhões de turistas, oferecendo serviços e experiências incomparáveis com qualquer outro lugar do mundo.
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The most used argument today towards turning buildings into historical heritage is the conservation of the art and culture of a certain society, or else the 'pages of history' will be erased forever. However, it is hard to agree that everything must be preserved (almost a case for compulsive hoarding) and that nothing must be preserved (ending the study of history forever), being interesting to analyze how and how much things should be preserved.
My interpretation is that any object or human expression can be considered art or part of our history (mainly after Duchamp and the upside down urinal) depending on the point of view. The evaluation of what is significant or even what is art is something totally subjective, and a comission of technicians of any kind are not it a position to evaulate every individual interpretation to know what is the most significant culture and which one should be preserved. So it doesn't seem right to me to use force (collecting taxes) to use force again (preventing owners to make alterations on their property) to preserve something which is subjective to a third party.
There is a much simpler and freer way to evaluate how much society values a certain good: if there is any good which is considered to have an important value, one can purchase that good. Private funds destinated to preservation, mostly represented today in private museums, cultural NGO's and private art collections and buildings already do this kind of work, raising funds to buy these goods and preserve them. Being private property, the owners even have the best incentive to keep them in the best shape as possible.
Criticism to this market approach is arises as following: what would cities like Paris be like if these rules were applied? Certainly if historical heritage laws were not applied these cities would be very different and possibly less attractive. To answer that, I would start saying once again that attractiveness, to a city, is a totally subjective and personal value. To many people, Paris shows a visual monotony and a representation of a society aesthetically homogenized by force (which just to be clear is not my case). But for example reasons, considering Paris having positive aethetics, resulting from utilitarian aspects (it recieves millions of tourists every year, base of its economic survival) and responding in a utilitarian perspective, Paris should maintain its historical heritage such as Disney maintains their parks. Even having more liberty to build, the result to the 'parisiens' would probably be negative if these preservation laws were removed because they would lose most of the toursists.
Architect and philosopher Ignasi de Solà-Morales in his text "architectural heritage or theme park", in his book Territorios already warned us about the dangers of total perservation, where the historical districts of cities like Paris and Rome have ceased to exist as "cities", existing today almost as theme parks. Venice, for example, has 60 thousand inhabitants in its historical center, against 50 thousand tourists daily that concentrate mostly in this same area. Probably most of these inhabitants live off the tourism economy.
Other cities, where preservation is not enforced this way such as London, where it is usually made through private funding, and Las Vegas, where it is almost inexistent, have noticed that there are other ways to recieve millions of tourists, offering services and experiences incomparable with any other place in the world.
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