13.10.12

Mais uma atualização (temas diversos)

Abaixo a atualização da estrutura do Projeto Livro.

O primeiro colaborador a ser creditado será Eduardo VR, obrigado!

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Introdução
- Sou arquiteto e urbanista, e não tenho formação "oficial" em economia. Mas o estudo de urbanismo e o entendimento do funcionamento de uma cidade depende fortemete de um conhecimento de economia, área de conhecimento a qual dedico grande parte do meu tempo.
- Assim, além das intenções deste livro em tentar analisar, entender e criticar as metrópoles brasileiras, ele também serve como uma forma de ensinar economia para arquitetos e urbanistas e de ensinar arquitetura e urbanismo para economistas.
- Achei nada mais do que justo registrar nos créditos do livro quem foram os colaboradores do texto, pessoas que se interessaram e engajaram na discussão.

Falta participação?
- Pergunte aos portoalegrenses se eles acreditam que é necessário um alargamento da Rua Anita Garibaldi, ou uma passagem de nível da Av. Perimetral sob a Av. Plínio Brasil Milano. A maioria dirá que sim, mesmo que seja custoso e que favoreça ainda mais trânsito, já que a verba pública é direcionada a dar mais conforto a quem está nos automóveis e menos conforto para quem está a pé, de bicicleta ou de transporte público.
- Projetos sempre vão "inaugur defasados", já que o incentivo a esse tipo de meio de transporte é constante e as obras levam muitos anos para serem completadas.
- Os grupos que surgem contra estas obras públicas, por outro lado, são quase que invariavelmente contra a densificação e a verticalização, mesmo que isto também favoreça o trânsito por aumentar as distâncias entre as atividades e estimule a destruição na natureza nos arredoresdas cidades, onde as pessoas são obrigadas a morar já que os moradores dos centros os proíbem de compartilhar seu espaço.
- Ambos grupos são vistos pelo outro como "egoístas que não pensam no bem da cidade".

Gente demais?
- Sombra produzida pelos prédios é uma externalidade negativa que é sobreposta pela externalidade positiva da aglomeração de gente.
- Antigamente se acreditava que o ar ficava infectado por falta de sol, que se provou uma falsidade. Mesmo assim se continua atuando da mesma forma, com cidadãos lutando contra a verticalização.
- Construções novas com mais de 10 andares em Porto Alegre são rotuladas negativamente de "espigões".
- Atualmente moro em um edifício de 20 andares em São Paulo, próximo ao meu trabalho. Vou e volto a pé todos os dias em 10 minutos, com diversas opções de comércios, serviços e entretenimento no caminho. Se os vizinhos do meu prédio tivessem tido a mesma reação portoalegrense, ele basicamente não existiria. Eu ora teria que pagar por um aluguel mais caro para morar no mesmo bairro ou morar mais longe, a uma distância menos viável para caminhada.
- Externalidades positivas dos centros urbanos surgem a partir da divisão do trabalho e da especialização de funcões permitida por uma sociedade interconectada: identificado desde Fredrick Law Olmstead, arquiteto, urbanista e paisagista americano que projetou áreas como o Central Park, em Nova Iorque, e o campus de Yale.
- Do livro "Parks and City Planning", de 1890 (tradução livre): "Considere, por exemplo, o que é feito (que no campo não é feito ou que é feito por residência casa para si mesma e, se eficientemente, com um esforço constante e cansativo de para tal) pelo acogueiro, padeiro, peixeiro, merceeiro, pelos vendedores de todos os tipos, pelo homem do gelo, homem do pó, limpadores de rua, pelo carteiro, pelo entregador e por mensageiros, todos te servindo em sua casa quando necessário."
- Pesquisar mortalidade e expectativa de vida nas cidades

Soluções locais
- Política urbana na metropole é contra intuitiva ao pensamento moderno: quanto mais gente e mais construcões, melhor. Quanto menos ruas, melhor.

Trânsito
- Mesmo se viadutos e planos foram definidos de forma autoritária, depois que maioria da população tem carro democracia tenderá a eleger políticos que favorecem mais quem tem carro

Déficit habitacional e moradia vs. Preços absurdos de imóveis
- Paul Krugman, que chama as zonas reguladas americanas de "Zoned Zone" evidencia como o preço dos imóveis cresce mais rapidamente nessas áreas.

Condomínios e Shoppings vs. Espaço público de má qualidade
- Nem todos terrenos são ideais para uma praça, e nem sempre o estado sabe gerenciar esses espaços.
- Como exemplo, mesmo em uma das cidades mais densas do mundo e sendo oferecidos gratuitamente aos usuários finais, a parte norte do Central Park é pouco utilizada, sendo até hoje uma área perigosa. Da mesma forma, a parte sul do Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, raramente é ocupada.
- Até mesmo o Parque Ibirapuera, no anel central de São Paulo, uma dos locais mais densoas do Brasil, é praticamente deserto durante a semana e tem zonas de baixa ocupação durante os finais de semana.
- Também em São Paulo, a revitalização do Largo de Pinheiros (também chamado de Largo da Batata) se equivaleu à uma "limpeza urbana", gerando talvez o pior espaço público de todos, sem lugar para sentar, sem árvores, sem coberturas para parada de ônibus.
- Em Brasília espaços verdes são em tanta quantia que são um total desperdício. Além de serem ocupadas com grama, deve ser cortada e não atrai fauna como árvores, cria artificalmente as distâncias a serem percorridas quase que obrigatoriamente de carro, em uma cidade onde o preço dos imoveis está entre os mais caros do Brasil. Cidade é tombada prejudicando a vida de milhares de pessoas para manter o erro urbanístico eternamente.
- Em São Paulo há algumas iniciativas privadas para revitalização e criação de espaços públicos. Revitalização da Rua Oscar Freire e arredores foi iniciativa da Associação de Lojistas da Oscar Freire, com investimento da American Express junto à Prefeitura.
- Sendo proprietária de vários pontos comerciais da Rua Amauri, a família Diniz criou na mesma rua um pocket park de altíssima qualidade, valorizando ainda mais os pontos da rua e criando uma imagem positiva da família com a cidade.
- Rockfeller Center, em Nova Iorque, talvez seja o exemplo mais interessante deste tipo de projeto. onsiderado o maior projeto privado já realizado em tempos modernos em um ambiente urbano de baixíssima regulação da construção civil de Manhattan da década de 30, teve a construção da praça como um elemento central de valorização do projeto. Sempre movimentada, o espaço também abriga no inverno a pista de patinação que mais chama atenção no mundo.
- Política de adoção de parques por empresas privadas em algumas capitais brasileiras transformou o Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre, em talvez um dos grandes parques mais bem cuidados do Brasil, atualmente com patrocínio da Cia. Zaffari e do Hospital Moinhos de Vento.
- Espaço público das ruas atualmente são apenas circulações: Pensando em uma casa, é como se tivessemos mais áreas de corredores do que de quarto, sala, banheiro e cozinha.
- Da mesma forma que em arquitetura hoje sempre se pensa em unificar as salas e acabar com os corredores, ganhando área, as ruas poderiam seguir o mesmo exemplo. - Com investimento relativamente baixo é possível transformar as ruas em parques lineares, com calçadas mais amplas, árvores e áreas para sentar.
- Maioria das atividades dos grandes parques, que invariavelmente tem áreas inutilizadas, poderiam ser jogadas para as ruas, como corrida, bicicleta, pontos de encontro e conversas em bancos.
- Parques propriamente ditos seriam menos demandados com esta transformação das ruas - Grandes parques pontuais obrigam o cidadão a se deslocar muito (muitas vezes de carro) para aproveitar o espaço público
- Microparques e praças e ruas bem aproveitadas resolvem de forma mais eficiente a ocupação do solo urbano

Abandono dos Centros e dos edifícios históricos
- É difícil concordar que tudo deve ser preservado (seria quase um caso de "compulsive hoarding") e também é difícil concordar que nada deve ser preservado (acabando com o estudo da história), sendo interessante então avaliar como e quanto as coisas devem ser preservadas.
- Minha interpretação é de que qualquer objeto ou expressão humana pode ser considerada arte ou parte da nossa historia (principalmente depois de Duchamp e o mictório de cabeça para baixo, na figura) dependendo do ponto de vista.
- Não me parece correto usar a força (cobrança através de impostos) para usar a força mais uma vez (impedir que os proprietários façam alterações na sua propriedade) para preservar algo que é de critério subjetivo de um terceiro.
- Ideia sobre tombamento está começando a mudar. "Preservation is a highly artificial term... History happens and leaves its traces... I have to say, I prefer history without preservation."
- Ignasi de Solà Morales: cidades históricas se tornam parques temáticos da humanidade, lotados de turistas, praticamente sem moradores locais.

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