20.6.14

Até os anos 70 o transporte público de San Francisco tinha concorrência

Esta é uma tradução do artigo "Up Until the 1970s, Muni Had Competition" de Rigoberto Hernandez e Andrea Valencia para o jornal Mission Local

A van original de Di Pilla com a jovem Michele em 1976. A foto foi cortesia da família Di Pilla, publicada no Mission Local
Poucos suspeitariam que a loja de presentes La Argentina, um lugar peculiar na 3230 24th Street, é parte de um pequeno império pare da história do Mission District: das vans privadas que enchiam San Francisco por grande parte do século 20, levando passageiros por toda a cidade e competindo com o Muni. 

As vans são particularmente relevantes essa semana já que passageiros procuram alternativas de transporte com a greve dos motoristas do Muni, o sistema municipal de transporte coletivo. A cidade já teve uma alternativa – as vans – e parte da sua história está ali na 24th Street.

Diferente dos ônibus das empresas de tecnologia, como os oferecidos pelo Google, eles não eram de graça, mas eram serviços privados visando lucro geridos por operadores independentes incluindo a família Di Pilla, hoje proprietários da loja de presentes.

No seu pico em 1950 cerca de 7 mil passageiros por dia pagavam 10 centavos por corrida nas vans privadas de acordo com o estudo do Centro de Transportes da Universidade da Califórnia chamado “Paratransit in the San Francisco Bay Area” (“Transporte Alternativa na Baía de San Francisco”, tradução livre). As vans eram vistas como veículos privados competindo com o Muni, mas a cidade começou a legislar contra eles.

Embora muitas das vans tinham sido substituídas por ônibus quando Michele Di Pila entrou no negócio nos anos 60, a rota do Mission ainda operava 24 horas por dia, sete dias por semana. Em 1970, Di Pilla, então com 39 anos, sentava atrás da direção de um deles, transportando passageiros de Daly City até o Embarcadero e de volta pela Mission Street.

Ele era conhecido como “Hot Wheels”, recorda sua filha Michelle, que trabalhava como cobradora. “O revendedor nos dava vans com 12 lugares e a a gente mudava o layout pra ter 20 lugares,” disse Di Pilla. “Tirávamos as poltronas de vans e colocávamos cadeiras de ônibus que comprávamos de ferros velhos.”

Para proteger o Muni, a cidade parou de emitir novas licenças em 1972. O último choque veio em 1978, quando eleitores passaram a legislação chamada “Proposition K” que eliminou a revenda das licenças de vans. O aumento das taxas de seguro também desencorajavam os operadores privados, e em 1983 Di Pilla e maioria dos outros operadores estavam fora das ruas.

Nesse período, Di Pilla já com 52 anos e sua esposa argentina, Marcela, já estavam investindo no mercado imobiliário. Michelle, que tinha ido aos Estados Unidos através de uma bolsa de estudos Jacqueline Kennedy para processamento de dados (o equivalente à TI nos anos 50), disse para sua mãe que era boa com números.

Quando um colega imigrante italiano quis vender um edifício com 14 salas na 2347 24th Street, eles compraram. Logo depois eles tinham adquirido o edifício ao lado do atual La Argentina e montaram a loja em 1972, nomeando-a em homenagem ao país natal de Di Pilla.

Quando ela morreu, Di Pilla manteve o lugar aberto como um lugar para encontrar amigos. Hoje em dia seus filhos cuidam da loja e dos edifícios comerciais, que segundo a sua filha são ocupados totalmente por imigrantes latinos.

Esta história foi publicada no Mission Local pela primeira vez em 9 de agosto de 2009, sendo atualizada por Andrea Valencia em maio de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário