28.9.10

Onde estão os arquitetos bons? / Where are the good architects?

Ontem um colega me fez uma pergunta que eu já tinha ouvido diversas vezes por acadêmicos da arquitetura e por outras pessoas que tem um olho crítico para arquitetura: por que em Porto Alegre os bons arquitetos não constroem? Se existe tanta gente que reclama do espaço construído, por que não escolher melhor quem vai projetar? Decidi postar minha explicação:

1) As pessoas não gostam da arquitetura acadêmica:
Os arquitetos que estão recebendo projetos atendem o gosto de seus consumidores, que não entendem ou simplesmente não gostam de uma arquitetura mais acadêmica, considerada de maior refino ou qualidade. Para provar isso, basta sair na rua perguntando o que as pessoas acharam da nova sede da Fundação Iberê Camargo - considerada por muitos a obra-prima do arquiteto português vencedor do prêmio Pritzker Álvaro Siza - e ouvir comentários do tipo "tem pouca janela" e "esqueceram de rebocar".

2) Falta noções de gestão
Arquitetos muitas vezes esquecem que um escritório de sucesso, que recebe várias propostas de projeto ou propostas de grandes projetos, é uma empresa: tem sócios, funcionários, CNPJ e paga impostos. Uma empresa deve ter uma boa gestão, que inclui liderança, marketing, relações públicas, recursos humanos, finanças e contratos bem redigidos - não só conhecimento adquirido na academia. Essas noções são imprescindíveis para o sucesso de qualquer empresa, e clientes maiores serão atraídos por escritórios organizados que as dominam.

3) Fazer concessões e relacionamento com o cliente: Arquitetos muito presos às bases acadêmicas normalmente tem dificuldade de atender as
necessidades ou vontades dos clientes, tendo uma visão muito idealista de o que é arquitetura. Existe no meio acadêmico uma aversão ao interesses 'mercadológicos' (i.e. dos clientes), gerando uma dificuldade de fazer concessões no projeto, mudanças na sua idéia para viabilizar e materializar o projeto.

Arquitetos deveriam começar a pensar mais como gestores e perceber que a arquitetura acontece na relação entre arquiteto, cliente e equipe, atendendo uma necessidade espacial real. A qualidade acadêmica nunca deve ser deixada de lado, mas devemos aceitar que o projeto deve ser alterado até que ambos arquiteto e cliente estejam plenamente satisfeitos.

-

Yesterday a colleague of mine asked me a question I had heard many times by architecture academics or by people who have a critical eye for architecture: why is it that in Porto Alegre good architects don't build much? If there are so many people complaining about the built environment, why not choose better who is going to design it? I decided to post my explanation:

1) People don't like academic architecture:
Architects who are getting all the work attend their consumers taste, who don't understand or simply do not like a more academic approach to architecture, considered more refined or of better quality. To prove that one only needs to ask people on the street what they think about the new HQ of the Iberê Camargo Foundation, considered by many to be pritzker prize winning architect Álvaro Siza's masterpiece - and listen to comments such as "there should be more windows" and "they forgt to plaster it"

2) Lack of management skills
Architects many times forget that a successful practice, recieving many design proposals and large projects, is a company: it has partners, employees and pays taxes. A company must have good management, which includes leadership, marketing, public relations, good finance and well written contracts - not just knowledge acquired in architecture school. These skills are indispensable for any company to succeed and clients are attracted to organized offices who have them.

3) Making concessions and client relationship:
Architects who are stuck the the academic structure have a over idealistic vision of what architecture is. There is a aversion in the academic circle to the 'market interest' (i.e. client interest), generating great dificulty in making concessions on the project, changing their concept in order to make the design feasable and to materialize it.

Architects should start to think more like managers and realize that architecture happens between the architect, the client and the design team, attending real spatial demands. Academis quality should never be left aside, but we must accept that the design must be altered until both architect and client are fully satisfied.

Nenhum comentário:

Postar um comentário