Algumas semanas atrás tive uma conversa com alguns colegas que me questionaram bastante quando afirmei que eu teria dificuldade de projetar uma obra pública, dada a origem dos recursos para sua realização: impostos. O objetivo deste post é deixar esta idéia mais clara, e explicar qual o problema das obras públicas.
Um dos primeiros que perceberam este problema foi Frédéric Bastiat, economista francês nascido em 1801. Na sua obra "Ensaios", ele explica esta lógica através da falácia da vidraça quebrada, muito bem explicada neste vídeo:
Bastiat conclui que todo ato, hábito, instituição ou lei gera, na esfera econômica, em efeito que se vê e um efeito que não se vê. No caso da vidraça quebrada, se vê que um vidraceiro obteve lucro e gerou empregos, porém se a vidraça não tivesse sido quebrada, os recursos não precisariam ser destinados a reparação do vidro, e sim para atender demandas mais importantes.
Ele mostra que o Estado promove o "deslocamento artificial das necessidades, dos gostos, do trabalho e da população" no momento em que há construções resultado de decisões políticas - que não refletem as demandas do povo e sim principalmente de grupos de pressão - e não resultado de demandas da própria sociedade livre efetuando trocas voluntárias entre si: demandas de mercado.
Mas alguns ainda poderiam perguntar: mas não são necessários hospitais, já que a rede pública está um caos? Respondo que sim, hospitais são necessários, porém como saber qual o melhor lugar, tamanho, formato e custo de um hospital a partir do poder público? Como saber que a escolha feita pelo poder público é realmente eficaz? Empreendimentos privados dão essa resposta automaticamente, já que ele é obrigado a tomar este tipo de decisão para obter lucro. Ele é obrigado a atender as demandas sociais da melhor forma possível, senão ele é inviável economicamente. Já as obras públicas seguem uma lógica perversa: quanto o político responsável tem vontade de gastar, gerando exemplos emblemáticos de gastos de baixíssima utilidade, como os estádios para a Copa do Mundo de 2014, que provavelmente ficarão vazios após o evento.
Arena Amazônia: esse nem Keynes diria que precisava (crédito: GMP/Divulgação)
A conclusão que chego que reflete na minha ética de trabalho é a seguinte: como vou projetar qualquer obra pública sabendo que os recursos gastos naquela obra poderiam estar sendo gastos atendendo demandas reais dos cidadãos? Não seria melhor eu dizer para o político ou burocrata que está me contratando que é melhor devolver o dinheiro usado nesta obra para o povo e deixar que cidadãos decidam se vão me contratar para trabalhar?
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A few weeks ago I had a conversation with some classmates who questioned me when I said I would have a hard time designing a public work, given the origin of the resources: taxes. My goal with this post is to expand the idea, and explain what is the problem with public works.
One of the first who realized this problem was Frédéric Bastiat, french economist born in 1801. In his work, "That Which is Seen, and That Which is Not Seen", he explains this logic through the broken window fallacy, shown in the video above.
Bastiat concludes that every act, habit, institution or law generates, in the economic sphere, an effect which is seen and one which is not seen. In case of the broken window, it is seen that the glassman profited and created jobs, but if the window had not been broken, resources would have not been used with the glass, but to attend more important demands.
He shows that the State promote the "artificial transpositions of wants, tastes, labour, and population" when there are projects resultant from political decisions - which mostly reflect demands of pressure groups and not demands of the people - and are not resultant from demands of a free society making voluntary transactions between itself: market demands.
Some would still ask: but aren't hospitals necessary, given that the public heath system is chaos? I answer yes, hospitals are necessary, but how do you know which is the best location, size, format and cost of a hospital coming from the public sector? Private investments give that answer automatically because it has to take that kind of decision in order to profit. It is his duty to attend social demands the best way possible, or it is economically unsound. Public projects follow another (dangerous) logic: how much the responsible politician is willing to spend, generating typical examples of low utility spending, such as the 2014 World Cup stadiums, which will probably be empty after the event.
The conclusion I reach that reflects on my work ethic is the following: how am I going to design any public work knowing that the resources spent on that work could be attending real demands from the citizens? Wouldn't it be better that I told to the politician ou bureaucrat hiring me that it is better to give back the money used on that project to the people and leave them decide if they'll hire me?
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