30.4.11

Muitos outros motivos para não ser sustentável / Many more reasons not to be sustainable

O escritor e economista (com doutorado em física) David Friedman acaba de postar no seu site uma palestra que ele proferiu chamada 'Sustentabilidade: Retórica vazia ou má ideia'. Friedman adiciona vários novos argumentos aos oito que eu listei no primeiro post deste blog mostrando as dificuldades de uma argumentação coerente a favor da sustentabilidade. As ideias apresentam vários pontos em comum às que eu escrevi no meu artigo sobre Liberdade e Meio Ambiente publicado no livro Cultura da Liberdade. Resumi os seus principais argumentos para esta postagem, listados abaixo, mas de qualquer forma fortemente o áudio da palestra aos interessados no assunto (quem não tem tempo pode ouvir no caminho para a aula ou para o trabalho, como eu mesmo o fiz).

_ A definição da palavra sugere manter a situação atual da mesma forma que está pra sempre. No do caso transporte isso significaria, em 1880, garantir que cavalos tivessem pasto e área suficiente pelo menos nos cem anos seguintes, que é a faixa de tempo usada para as catástrofes atualmente previstas. Em um mundo que muda a todo momento tentar manter as coisas do jeito que elas são acaba sendo uma politica ruim.

_ A meta 'sustentável' de atingir nossos objetivos sem comprometer absolutamente nada as gerações futuras é, por si só, impossível. Todo barril qe petroleo que coletamos e queimamos compromete as gerações futuras em alguma forma, mesmo que pouco, já que qualquer coisa que usamos hoje também terá valor no futuro. Mesmo que o petróleo seja gradualmete substituído, ele sempre terá alguma utilidade. Maioria das pessoas acreditam que existe um gasto ideal destes recursos, que normalmente é proximo do seu, sendo um viés que deve ser abandonado.

_ Os objetivos de saúde econômica e social buscados pelo conceito de sustentabilidade por si só não fazem sentido, já que cada um de nós tem uma opinião diferente de o que essa saude significa.

_ Ações baseadas no pretexto de serem sustentáveis não são nesessariamente boas. O incentivo governamental artificial para a produção de biocombustiveis, por exemplo, desvia recursos da produção de comida e assim contribui para aumentar a fome no mundo, já que encarece alimentos. Esse efeito já foi reconhecido até mesmo por Al Gore, que mudou de ideia sobre o assunto.

_ Quanto às mudancas climáticas previstas pelo IPCC, o cenário mais provável é acarretar um aumento de 30cm do nível do mar devido ao derretimento dos polos, em um período de 100 anos. De acordo com o site geology.com, que permite simular a altura do nível do mar em diferentes cenários, a altura não é significativa, e muito diferente do cenário de 6m previsto no filme 'Uma Verdade Inconveniente'.


_ Mesmo se tomarmos essa previsão como verdadeira, devemos entender que tudo no mundo se adapta ou completa um ciclo ao menos 1 vez nesse meio tempo, desde prédios a plantações, tornando nossa adaptação relativamente fácil. Os holandeses plantavam debaixo do nivel do mar e construiam represas enormes 800 anos atrás, e as tecnologias atuais permitem fazer isso com uma facilidade muito maior.

_ Não há razão científica para acreditar que o clima atual da Terra é o ideal para o ser humano, há que a espécie já viveu em condições climáticas muito diferentes ao longo da história (e ainda vive, se considerarmos as diferentes regiões do nosso planeta).

_ Raramente se mede e se menciona as externalidades positivas das mudancas climáticas: se o mundo esquentar, milhões de km2 de terra hoje inúteis se tornarão disponíveis para cultivo em países frios como Canadá, Rússia e Suécia.

_ Em relação ao argumento que defende que a queima de combustiveis fósseis é a que provoca o aquecimento e que isso deve ser contornado, só existem duas abordagens para implementação: queimar substancialmente menos destes comustíveis ou usar energias alternativas mais caras. Já que o desenvolvimento econômico requer energia, isso dificultaria a maior solução para a miséria mundial desde a onda de imigrantes nos EUA nos séculos 19 e 20, impedindo que chineses e indianos sobrevivam com energia barata. Certamente tirar bilhões de pessoas de uma situação de fome e miséria hoje é melhor do que impedir o aumento de um ou dois graus em cem anos.

_ Tentativas de prevenção de problemas em uma escala futura de cem anos são muito perigosas, já que vivemos em um mundo incerto e ninguém sabe como será a sociedade daqui a cem anos. Exemplos recorrentes de previsões catastróficas erraram, desde fome mundial provocado pela falta de capacidade agrícola até problemaz climáticos previstas apenas cinco anos atrás pela ONU (também já comentei neste blog sobre a previsão do fim do carvão, há mais de cem anos atrás). O problema pode acabar sendo até mesmo o contrário do previsto: subpopulacao ao invés de superpopulação assim como esfriamnto global ao invés de aquecimento global.

_ Outro problema de previsões com limite de cem anos é não ter feedback: as previsões não podem ser colocadas à prova já que devemos esperar os cem anos para se concretizarem.

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David Friedman, writer, economist and doctor in physics, has just posted in his website a talk he gave called 'Sustainability: Empty rhetoric or bad idea'. Friedman adds many more arguments to the eight I listed on this blogs' first post showing the problems with maintaining a coherent argument in favor of sustainability. His ideas have many points in common to those I presented in my article on Freedom and Environment published on the 2009 book Cultura da Liberdade. Nevertheless, I strongly reccomend the audio of the talk for those interested in the subject (if you don't have time you can always listen to it goin to class or to work, as I did). Nevertheless, I made cliff notes of his main arguments for this post, listed below:

_ The meaning of the word suggests keeping the world as it is forever. In the case of transportation this would mean, in 1880, guaranteeing that horses had enough pasture and open fields for at least the next hundred years, which is the time span used for the current catastrophes being predicted. In a changing world trying to keep things as they are ends up being a bad policy.

_ The 'sustainable' goal of meeting out current objectives without compromising future generations at all is in itself impossible. Every gallon of oil that we pump and burn compromises the future generation in a certain way, as anything we use today will also have value in the future, even if small value. Even if oil is gradually substituted in the passing years, it will still have some utility. Many people believe that there is an 'ideal' amount of consumption of these resources - which is normally very close to their own - being a bias which should be overcome.

_ Goals of social and economic health also reached out through the concept of sustainability don't make any sense by themselves, as each one of us has a different opinion on what this health means.

_ Actions based on the assumption of being sustainable aren't inherently good. Governemnt's artificial incentives for the production if biofuels, for example, takes resources away from food output and so contributes to world hunger, turning food products more expensive. This effect was even recognized by Al Gore, who changed his mind on the issue.

_ As to the climate change predictes by the IPCC, the most probable scenario is a rise of 30cm of the sea level because of the melting of the polar caps, in a period of 100 years. According to geology.com which allows simulations of sea levels in different scenarios, this height is not very significant, and much different to the 6m rise predicted on 'An Inconvenient Truth'.

_ Even if we assume this prediction as true, we should understand that everything in the world adapts or cycles at least once in a hundred years, from buildings to food crops, turning our adaptation fairly easy. The Dutch grew crops below sea level and built huge dams 800 years ago, and modern technologies could do that much more easily.

_ There is no scientific reason to believe that todays Earth climate is the ideal climate for human beings, as the species has lived in very different climate conditions throughout history (and still does, if we consider different regions of our planet).

_ Positive externalities to climate change are rarely measured and mentioned: if our world becomes warmer, thousands of useless sqm today will become available for farming in countries like Russia, Canada and Sweden.

_ As to the argument which sustains that the burning of fossil fuels leads do global warming and that this should be stopped there are only two ways of getting it done: either burning a substantially lower amount of these fuels or using more expensive alternative ways of energy. As economic development needs energy, this would make the greatest solution to world poverty since the immigration wave into the US from the 1800s to 1900s, restraining access to cheap energy by the indians and the chinese. Certainly providing food and shelter for billions of peopke TODAY is better than raising one or two degrees in a hundred years.

_ Attempts to prevent problems in a future scale of a hundred years are very dangerous, as we live in an uncertain world and nobody knows what society will be like in a hundred years. Catastrophic predictions are repeatedly wrong, from world hunger due to lack of farming area and even climate problems predicted only five yeara ago by the UN (I have also commented on this blog about the predictions on running out of coal more than 100 yeara ago). Problems can even be the opposite of those predicted today: underpopulation instead of overpopulation or global cooling instead of global warming.

_ Another problem with predictions going as far as a hundred years is not having feedback: arguments cannot be proved as we have to wait the hundred years for them to happen.

2 comentários:

  1. Interessante pensar assim. Mas me parece desconsiderar alguns reais problemas e comparar com épocas não comparáveis.
    O aumento de áreas cultiváveis em regiões sub-polares será acompanhado com a desertificação de outras áreas. E inúmeras mudanças de micro-clima podem desenvolver grandes conversões climáticas que não podemos prever.
    E comprar as alterações climáticas geológicas das quais não se tem controle, com mudanças que ativamente estamos provocando, não é o melhor parâmetro.
    Concordo com a dificuldade de prever e provar. Mas planejar e pensar a longo prazo é o essencial. E se apenas isso for feito pelos governantes e privados, a sustentabilidade já surtirá efeitos.

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  2. Rafael, é importante notar mais uma vez que ninguém sabe como será a sociedade daqui a 100 anos. Procurando no Google já se vê inúmeras técnicas e tecnologias que permitem cultivar e habitar as regiões mais desérticas da Terra, e até mesmo reverter o micro-clima da região, se adaptando a medida que os problemas forem mais palpáveis e reais. Podemos sim pensar a longo prazo e planejar, mas o custo para reverter uma possibilidade que pode se concretizar daqui a 100 anos é muito impactante para a sociedade da atualidade, principalmente em países miseráveis.

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