9.5.14

Removam os obstáculos da Economia Colaborativa

Esta é uma tradução do artigo "Remove the Roadblocks" publicado como artigo líder na revista The Economist em 26 de abril de 2014

Não é difícil de encontrar provas do sucesso dá economia colaborativa, fenômeno onde as pessoas alugam entrem si suas camas, carros e outros bens que têm à disposição, tudo coordenado por meio da internet. É um sinal do renascimento da oferta e demanda. A Airbnb, fundada em San Francisco em 2008, afirma que 11 milhões de pessoas usaram seu website para encontrar um lugar para se hospedar. A Lyft, uma empresa que liga pessoas precisando de carona a motoristas em busca de um pouco de dinheiro, se espalhou de San Francisco para 30 e poucas cidades Americanas. Outro sinal são os grandes valores que se veem relacionados às empresas da economia colaborativa: calcula-se que a Airbnb valha 10 bilhões de dólares, mais do que redes de hotéis como a Hyatt ou Wyndham, e que a Lyft recentemente obteve investimentos na ordem dos 250 milhões de dólares. Mas talvez o mais impressionante – e nada bem-vindo – indicador do crescimento da economia colaborativa é a quantidade de energia sendo dedicada por governos, tribunais e concorrentes tentando frustrar o sucesso desses empreendimentos.

A maior briga acontece por causa das empresas de táxi e de aluguéis de quartos. Um tribunal em Bruxelas ordenou que a Uber, outra startup de San Francisco que lida com o mercado de caronas, parasse de operar na cidade. Em março, a Câmara de Vereadores de Seattle limitou em 150 o número de motoristas dando carona ao mesmo tempo através desse tipo de companhia – embora esse limite esteja agora suspenso, graças a uma petição das empresas de carona. Algumas cidades baniram direto o serviço, outras tentaram maneiras de criar barreiras para seu funcionamento. Enquanto isso, a Associação de Hotéis de Nova Iorque tem feito lobby para que seja mais rigorosa a aplicação de uma norma que diz que os proprietários não podem alugar seus apartamentos por menos de 30 dias, o que tornaria ilegal a maior parte do serviço prestado pela Airbnb.

Mas compartilhe amigavelmente

Os novos oponentes, sejam eles competidores, agentes do governo ou cidadãos preocupados, reclamam que empresas como a Airbnb e a Lyft conseguem se esquivar das regras e impostos que existem na forma convencional dos negócios. Há regulamentações sobre manter os quartos e cozinhas dos hotéis limpos, sobre manter os alarmes de incêndio funcionando corretamente, sobre impedir o funcionamento de hotéis não licenciados em áreas residenciais e sobre a integridade e capacidade dos taxistas, além de uma verificação do seu conhecimento das ruas. Segundo os críticos, cowboys como Airbnb, Lyft e Uber são um perigo para o público inocente e desavisado. Não é preciso procurar muito para encontrar relatos de orgias em locais arranjados através da Airbnb e de acidentes – um deles onde aconteceu a morte de uma menina de 6 anos – envolvendo motoristas que compartilhavam seus carros.

Aqueles que são contra tem um pouco de razão. Os impostos devem ser pagos: o dono de um imóvel que aluga quartos deve declarar sua renda, assim como um hotel o faz. Segurança também é uma preocupação: as pessoas querem alguma garantia de que quando deitarem sua cabeça no travesseiro à noite ou entrarem no carro de um estranho, elas não serão atacadas ou enganadas. Zoneamento e planejamento também são um problema: cidadãos que gostam de um lugar pacífico podem ter objeções a respeito da casa ao seu lado virar um hotel.

As empresas da economia colaborativa estão tentando mitigar esses problemas. Elas têm controlado o seguro dos motoristas e se ofereceram para cobrar impostos hoteleiros dos usuários. Elas tem interesse no bom comportamento de seus participantes: já que os hospedeiros, hóspedes, motoristas e passageiros se avaliam através de um sistema de notas online, a necessidade deles de protegerem suas reputações ajuda a manter um alto padrão e a incentivar as pessoas honestas a continuarem usando o sistema. Mas se os consumidores quiserem optar por um serviço mais barato e menos regulado, eles deveriam poder fazê-lo.

A verdade é que a maioria das regras que a economia colaborativa tem quebrado pouco tem a ver com a proteção do povo. A oposição à Lyft e à Uber não está vindo dos consumidores, mas sim de companhias de táxi, que, sabendo que tecnologias como o GPS fazem com que um conhecimento detalhado das ruas seja redundante, têm medo da competição mais barata.

Toda essa situação defende a adaptação, não a proibição. Uma inesperada pioneira é San Francisco, normalmente não considerada como um modelo de cidade. A Uber e a Lyft obtiveram sucesso na cidade em parte porque táxis eram difíceis de serem encontrados, mas também porque as autoridades toleraram essas empresas. San Francisco tem uma política de proibição de aluguéis de menos de 30 dias, mas está considerando deixar as pessoas alugarem suas residências, desde que morem nelas a maior parte do tempo, obtenham o registro necessário da cidade e paguem os 14% do imposto hoteleiro. Amsterdam e Hamburgo possuem normas similares.

A economia colaborativa é um dos grandes imprevisíveis benefícios da era digital. As cidades não devem proibi-la, e sim recebê-la de braços abertos.

Tradução por Thiago Alminhana
Revisão por Anthony Ling

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