16.4.11

Táxis: o primeiro passo do sistema de transporte / Taxis: step one for the transportation system

Imagine a seguinte situação: você pega uma carona com um amigo seu e, como forma de agradecimento, você dá R$5 para 'ajudá-lo com a gasolina', que obviamente é mais do que ele gastou em gasolina para um pequeno trecho. Parece uma situação comum, mas ao meu ver seu amigo acabou de cometer uma atividade ilícita, reservada legalmente apenas para quem possui uma licença de táxi.

Normalmente as pessoas não sabem como funciona o sistema de táxis: em maioria das cidades eles fazem parte de um cartel organizado pelo estado, onde um número fixo de licenças é emitido pela prefeitura, que também estabelece o preço das corridas. Em Porto Alegre, que possui um número baixíssimo de licenças de apenas 5500 (3/1000 hab) o valor pode ultrapassar R$100 mil. No Rio de Janeiro, com 5/1000 hab, o preço diminui para R$60 mil, mostrando um equilíbrio da lei de oferta e demanda entre as duas cidades. Em NY, que possui menos licenças hoje que durante a Grande Depressão, com a introdução de mais uma política pública intevencionista que ajudou a prolongar a crise por ainda mais tempo, o preço pode chegar a U$600 mil.

Segundo a Reuters, licença de táxi em NY custa quase R$1 milhão de reais


Se imaginarmos então a desregulamentação deste sistema, novas alternativas de táxi seriam criadas: mais baratas de menor luxo, mais caras de maior luxo, táxis de maior capacidade e, porque não, mototáxis, prestes a serem proibidos em todo o território nacional. O sistema de transporte seria amplamente beneficiado, já que muitas pessoas que estão no limiar entre possuir ou não um carro vão optar pelo táxi, sendo que algumas até vão mudar totalmente de ideia ao ver a novas opções oferecidas pelos pequenos e grandes empreendedores de transporte.

Um táxi não é nada mais nada menos do que é um automóvel com motorista utilizado por várias pessoas ao mesmo tempo, o que aumenta a eficiência do uso dos veículos e evita o desperdício de recursos, economizando espaço nas ruas e nas garagens. O novo sistema ainda criaria alguns milhares de empregos, já que a barreria para o oferecimento do serviço cairia enormemente. O argumento que defende o status quo, da regulação e controle do número de licenças e tarifas é basicamente uma só: táxis do aeroporto (ou taxis atendendo uma grande quantidade de gente que desconhece o sistema e/ou a moeda) podem sacanear seus clientes com bandeiras manipuladas. Porém, a pesquisa feita pelos economistas Adrian Moore e Ted Balaker mostra que há praticamente um consenso na sua profissão, indepedente do espectro ideológico, de que a desregulamentação do sistema de táxis traz beneficios para a sociedade.

O problema do aeroporto pode ser resolvido de manera simples: caso o aeroporto fosse bem gerido (imaginemos um aeroporto privado) ele teria ora táxis de varias empresas concorrendo, deixando os clientes decidirem qual é a mais confiável, ou teria uma parceria com uma ou duas empresas com preço acertado de antemão de acordo com a demanda do mercado, resolvendo a falta de informação dos viajantes. Táxis fora dos aeroportos seguiriam o bom e velho sistema de concorrência: empresas confiáveis com bandeiras simples e com preços justos serão predominantes, já que em um mercado livre quem presta um serviço ruim ao cliente não sobrevive.

Os que não concordam com a desregulamentação tem, na sua maioria, medo da desregulamentação parcial: apenas liberar os preços sem liberar o numero de licenças ou vice versa. No primeiro caso, os táxis estariam livres para aumentar o preço à vontade, em um cartel protegido pelo estado, sem a regulamentação natural da concorrência do mercado. No segundo, a definição do preço continua tendo que ser definida pelo agente estatal, que estabelece o preço por pressões políticas, e não pela oferta e demanda do mercado. Em ambos casos táxis são subproduzidos, já que ora o mercado é restrito ora ele é incentivado de negativamente. Seja qual for a forma adotada, o único argumento usado para manter o cartel do táxi como ele está não é sustentável quando comparado com a desregulamentação total.

Se fala muito na construção de novas ruas, túneis, metrôs, elevadas e alternativas caríssimas para resolver o sistema de transporte público, mas infelizmente esta alternativa de custo zero de implementação não é discutida por motivos políticos, já que projetos milionários além de ganhar votos pela aparência de que políticos estão 'fazendo alguma coisa' são uma ótima oportunidade para desvios de verba e corrupção.

O próximo passo é a desregulamentação dos ônibus, mas isso merece um outro post.


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Imagine the following situation: A friend of yours gives you a ride and, as a way to thank him, you give him five bucks to 'help with the gas money', which is obviously more than he spent on gas for the short trip. Sounds like a pretty normal situation, but it seems to me that your friend has just commited an illegal activity, legally reserved only to taxi licence owners.

Most people don't know how the taxi system works: in most cities they are part of a state organized cartel, where a fixed number of licenses are determined by city hall, which also determines the fare. In Porto Alegre, which has a very low number o licences, only 5500 for 1,8
million people (3 licenses / 1000 people) a license can reach R$100000. In Rio, which has 5 licenses / 1000 people, price goes down to R$60000, showing a balance in supply and demand between both cities. In New York, which today has less licenses than it had during the Great Depression because of the introduction of the Medallion System, prices can go up to U$600000.

So if we imagine the deregulation of this system, new alternatives would be created: cheaper less luxurious taxis, more expensive and more luxuirous taxis, larger capacity taxis and, why not, moto-taxis, today forbidden in mos cities. The transportation system would be highly benfited, as many people who today arw at the edge between owning a car or not will go for the taxi, and maybe some people will radically change their minds when they see all the new alternatives creates by large and small transportation entrepreneurs.

A taxi is no more than an automobile with a driver which is used by many people at the same time, which makes vehicle usage more efficient and avoids wasting resources, saving road and parking space. The new system would also create thousands of new jobs, as the entry barrier to start offering the sevice would drop significantly. Arguments defending the status quo, regulating the number of licenses and fare prices is basically one: airport taxis (or taxis serving a large number of people who are unaware of the system and/or the currency) can fool their customers with manipulated fares. However, research made by economists Adrian Moore and Ted Balaker show that there is a large consensus in their field (covering all political spectrums) that taxi deregulation brings benefits to society.

There is a simple way to fix the airport problem: if airports were well managed (lets imagine a private airport) it would have either many companies competing, letting customers decide which ones are trustworthy, or would have a partnership with one or two qualified companies with prices fixed beforehand according to market demands, fixing the lack of information issue. Taxis outside airports would follow the good and old competition system: trustrd companies with simple fare systems and fair prices will prevail, as in a free market he who doesn't provide good services to their client does not survive. In both cases taxis are underproduced, a the market is either restricted or negatively incentived. One way or another the only argument used to keep the taxi cartel as it is can't be sustained when compared to complete deregulation.

People who do not agree with deregulation are usually afraid of partial deregulation: only prices or only the number of licenses. In the first case, taxis would be free to raise ther prices at will in a state protected cartel, without the natural regulation of the market. In the second, prices are still defined by the state, which establishes prices by political issues, and not by market supply and demand.

Much is said about building more roads, tunnels, elevated roads and very expensive alternatives to solve the public transportation problem, but unfortunately this zero-cost alternative isn't discussed because o political reasons, as expensive projects get votes as it gives the impression politicians are 'doing something' and are also a great opportunity for tampering budgets and corruption.

Next step is bus deregulation, but that deserves a whole other post.

4 comentários:

  1. olá, antes de mais parabéns pelo blog.
    eu sou estudante de arquitectura em Portugal, e estou agora a começar uma dissertação sobre urbanismo. Aparentemente partilhamos a mesma visão sobre o efeito das regulações e do controlo estatal sobre as cidades. Gostava de lhe pedir umas recomendações de bibliografia existente relativamente a este tema. Se pudesse disponibilizar o mail - uma vez que não encontrei no blogue - para facilitar a comunicação agradecia.

    Tiago Costa

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  2. Tiago, podes entrar em contato comigo através do e-mail anthonyling@gmail.com, ficarei feliz em ajudá-lo!

    Abraços!

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  3. Antone! Muito legal! Gostei muito do último parágrafo também que fala das alternativas discutidas pelo governo. É incrivel como o pensamento dos governantes vai sempre contra a lógica libertária, como por exemplo a restrição de placas em são paulo. Enquanto por outro lado, a desregulamentação dos sistemas de transporte como de ônibus ou taxis poderia proporcionar novas rotas, diferentes faixas de preço/serviço, variação na frequência de paradas e etc... consequentemente melhorando o sistema como um todo. Além disso, dava pra cortar umas vaguinhas dos bacana que ficam discutindo esses absurdos de regulamentações que vemos hoje em dia. Um abraço antone! Vou ver se te leio bastante!

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  4. Olá.. Alguém por acaso não teria indicação de bibliografias sobre táxis não??

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